sábado, 28 de junho de 2008

UMA VIRTUDE ÁRABE DESCONHECIDA

Evandro Luiz da Cunha
Doutorando em Teologia

A mídia Ocidental tem deturpado a imagem da cultura árabe-muçulmana associado-a ao terrorismo e ao fanatismo religioso. Ela esquece que nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe. O discurso frenético de líderes fundamentalistas contrastam com gestos praticados no cotidiano, na dimensão da micro-história. Uma coisa é ver um país ou cultura pela ótica de um turista, outra coisa bem diferente é vivenciar a cultura em seu contexto real.
Morando na Palestina-Israel pude observar pequenos gestos praticados no dia-a-dia árabe que tive que rever alguns conceitos. O respeito pelos idosos e mulheres confrontam-se com as imagens de opressão generalizada transmitidas por jornais e TVs. Isso não significa que não haja atos violentos praticados na família, mas nada tão diferente das grandes cidades do mundo. Entretanto, há mais atos de bondade do que crueldade. Quero destacar pequenos gestos praticados nos ônibus. Nenhuma mulher fica em pé nos coletivos, os homens árabes se levantam e cedem o lugar para mulheres e idosos. Pode parece ingênuo, mas num contexto de hostilidade isso evidencia que algo está errado na visão Ocidental.
Outro aspecto é a "liberdade" que algumas mulheres por aqui já estão desfrutando. Percebemos três tipos de mulheres árabes: as ortodoxas, as religiosas e seculares. As ortodoxas vestem-se de forma conservadora, as religiosas são mais moderadas, vestem roupas mais seculares todavia com apretescos religiosos que as identificam. E as seculares que se comportam quase como mulheres ocidentais. É verdade que em outros países como Irã e norte da África, a situação das mulheres é de opressão extrema. Contudo, temos observado que aos poucos o Oriente está cedendo aos valores Ocidentais, isso deve-se a divulgação do inglês, da música e dos filmes americanos.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O POVO DO LIVRO


Evandro Luiz da Cunha
Doutorando em Teologia.

Aristóteles dizia que o processo filosófico começa com o "assombro", algo que nos chama a atenção e nos convida à reflexão. Vivendo aqui em Israel temos a oportunidade de observar diversos aspectos da cultura judaica. O que mais tem me cativado é o fascínio pela leitura. É incrível como os livrarias sempre tem gente comprando livros. Nos ônibus, praças, sinagogas, sempre tem alguém lendo um livro.
Não existe nada comprovado cientificamente, mas eu desconfio que a singularidade e genialidade judaicas devem-se a sua obsessão pela leitura - tanto de textos religiosos e seculares.
Abençoada é a nação que ama os livros! Não tenho disponível o número dos doutores e cientistas em Israel, só sei que é um número expressivo. Basta ler um artigo escrito por um judeu para perceber logo a erudição por trás daquelas linhas. Eles encaram o conhecimento como algo santo, e como tudo que é santo deve ser almejado, eles buscam e incentivam os jovens a fazerem o mesmo.
Alguém poderia dizer que a genialidade judaica é oriunda das bênçãos de Deus. Eu não teria coragem para discordar, mas sabendo que muitos judeus modernos não praticam a religião e outros são até mesmo ateus, logo não é apenas uma questão de espiritualidade, mas de esforço humano para superar os desafios impostos pela natureza e as ameaças históricas.
O hábito da leitura deve ser algo prazeroso e divertido. Quando alguém se acostuma a olhar os livros por este ângulo, eles se tornam companheiros inseparáveis. Não é estudar apenas para poder passar em um concurso ou no vestibular, mas para desfrutar de uma dimensão da vida que só é possível através dos livros. O próprio Deus ama os livros. Ele inspirou homens a escreverem livros. Jesus é descrito como "logos", vocábulo grego que significa "Palavra, Discurso".
Se há alguma lição prática que podemos aprender do modus operandi judaico é que se algum indivíduo ou nação quer crescer e influenciar necessita aprender a amar e devotar-se aos livros.

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