quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

AMOR BANDIDO


Dr. Evandro L. Cunha, Ph.D.

Um dos  efeitos do álcool no organismo é desinibir o usuário. Eu creio que foi isso o que aconteceu com minha vizinha após consumir umas cervejas. Ela, normalmente, é falante por natureza, mas a  ingestão de álcool ajudou a tornar a cena hilária. Um dia, após tomar um porre, ela saiu gritando que amava o marido. Até aí tudo bem, mas o diferencial foi o fato de ela afirmar que o marido não valia nada, que não prestava, era um malandro safado com passagem na política, um pilantra... Mas que apesar de tudo isso, ela o amava profundamente e não parecia se envergonhar ou se lamentar por isso, queria apenas expressar seu amor incondicional ao marido... Era um "amor bandido", como se diz por aí.
Uma pessoa me falou que aquela mulher já tinha feito isso algumas vezes. Esse fato me levou a rever meu conceito de "amor bandido". O que é realmente o amor bandido? No senso comum, é amar um bandido. Porém, depois de uma reflexão e investigação cheguei à conclusão que essa definição é preconceituosa e equivocada. Amor bandido é amar sabendo que o amado não tem nada a oferecer. Portanto, o "amor bandido" é o verdadeiro amor. Muito semelhante ao amor de Deus, o qual ama quem não merece ser amado e não tem nada a oferecer. O amor "cidadão" é o amor falso, interesseiro, só ama se for amado, só ama se receber algo em troca. Sendo assim, conclui que o amor de Deus é um "amor bandido", e que devemos praticar esse tipo de amor, isso não significa amar o que nos fere, machuca ou possa até matar, mas amar de forma INCONDICIONAL, amar sem esperar ser amado, amar por amar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

“É POSSÍVEL TRAIR MESMO AMANDO O CÔNJUGE”.



Pr. Evandro L. Cunha, Ph.D.
é especialista em Filosofia e Psicologia da Sexualidade e da Família,
e em Ciências Neuropsicocomportamentais.
É doutor em Filologia pela Universidade de Barcelona, Espanha.


Estou com 52 anos de idade, quase 30 de casado e mais de 20 trabalhando com aconselhamento de família e casais. Tem coisas que só com o tempo e estudo profundo vamos compreender. Assim que iniciei no pastorado pensava que quem trai era um(a) devasso(a). Mas com o passar o tempo compreendi que QUEM TRAI NADA MAIS É QUE UM SER HUMANO. Quanto a frase (título) que usei no meu artigo “Alteridade: a importância do outro”, é um fato científico e bíblico. Não há base teológica para afirmar que Eva e Adão pecaram porque deixaram de amar a Deus. Não há indícios que Davi tenha pecado porque deixou de amar a Deus. O mesmo pode ser estendido a todos os personagens bíblicos que cometeram pecado, e o adultério não escapa desse modelo. A Bíblia afirma que pecamos, não apenas porque temos uma natureza caída (Lúcifer, Eva e Adão não a tinham), mas porque Deus nos dotou com a capacidade de fazer escolhas, tomar decisões, o que teologicamente chamamos de livre-arbítrio. Em outras palavras, o Diabo pode nos tentar, mas o ato pecaminoso só pode se concretizado por nós. Afinal de contas, somos nós quem decide pecar ou não.
Quanto ao que afirmei que “é possível trair mesmo amando o cônjuge” é tanto uma verdade empírica verificável quanto científica. Segundo pesquisa, esse é um fenômeno que afeta mais o sexo masculino, ou seja, os homens são mais dominados pela pulsão sexual, eles traem movidos pelo desejo, independente dos afetos. Enquanto as mulheres quando traem, em sua maioria, o fazem quando há um envolvimento sentimental positivo (se apaixonam) ou negativo (por vingança).
Essa minha afirmação-título pode parecer um tanto escandalosa e heterodoxa, mas é verdadeira. O problema crucial, na minha opinião (o que falo em meu livro “Sexo e Erotismo para Casais”), é que muitos de nós têm uma ideia negativa das pulsões sexuais. Não queremos admitir nossas tentações e fraquezas nesse campo. Porque fomos ensinamos que os santos não têm pensamentos eróticos, portanto, negamos aquilo que somos para sermos aceitos na comunidade dos “normais” e santos. Mas se você é casado(a) e ama seu cônjuge, talvez em algum momento teve uma fantasia sexual com outra pessoa. Embora não admita, nem é necessário fazê-lo, mas você e Deus sabem que isso faz parte constituinte de nossa estrutura neurobioquímica e psíquica. Portanto, não estamos advogando nenhuma heresia, mas uma “teologia” interdisciplinar e trans-eclesiástica da sexualidade humana. Jesus não negou a nossa sexualidade quando afirmou: “Ouviste que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mat. 5.27-28). Ninguém deixa de amar a esposa ou esposo ao olhar para o sexo oposto com intenções libidinosas, isso ocorre porque somos humanos e sexualizados. E ninguém deveria se sentir envergonhado ou inferiorizado por isso. O que Jesus nos advertiu foi que estivéssemos atentos ao olhar, ou melhor, a troca de olhares, como nós afirmamos no artigo mencionado acima.
Portanto, qualquer conselheiro familiar, psicólogo ou terapeuta sabe, por experiência profissional, que o amor não impede o adultério. O que pode neutralizar a infidelidade é nossa tomada de decisão, que no meu caso já mencionado, uso sempre a “fórmula”: Pensar em Deus, em minha família e na minha igreja. Isso tem funcionado até agora como uma força anti-libidinosa, que não erradica meus desejos sexuais, mas os neutraliza a tal ponto de não poder transformá-los em ato.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

ALTERIDADE: A IMPORTÂNCIA DO OUTRO


Pr. Evandro L. Cunha, Ph.D.

Como estudo o tema da sexualidade há mais de 20 anos, um dos aspectos para mim mais intrigante é o adultério. As pesquisas mostram que é possível trair mesmo amando o cônjuge. Outras apontam para fatores genéticos, bioquímicos, psicossociais, etc. Porém, uma instituição americana que trabalha com restauração de pastores que caíram no campo da sexualidade, trouxe um dado muito interessante. Segundo eles, um dos fatores confessados pelos próprios pastores era a falta de prestação de contas da vida espiritual a outra pessoa. Ou seja, não havia ninguém para cobrar um comportamento correto. Numa pesquisa realizada em banheiros públicos em Londres feita em dois modelos, o primeiro consistia em filmar o comportamento dos usuários em banheiros onde havia a presença de um zelador, e o segundo filmar sem a presença do zelador. O resultado foi que o experimento com a presença do zelador, mais de 80% de os usuários lavavam as mãos depois de usar o toalhete. Enquanto, no segundo experimento sem a presença do zelador a reação foi contrária, as pessoas saíam sem lavar as mãos. Conclusão, “a presença do outro altera nosso comportamento”. Isso está em perfeita harmonia com a teologia bíblica. José não pecou porque não sentia desejo de pecar, mas porque tinha essa consciência muito nítida da “presença do Outro (Deus)” em sua vida. Os profetas como Elias e Isaias falaram sobre essa presença metafísica cuja a consciência da mesma inibe o pecado, e a não consciência nos expõe ao pecado. Por viver numa sociedade antirreligiosa às vezes somos tentados a pensar que estamos sozinhos e não tem ninguém nos olhando (espiritualmente falando). A pesquisa mencionada acima expos que os pastores necessitam ser “cobrados” por excelência moral e espiritual. E isso é possível não através de votos administrativos, mas por meio de redes de amizades. Um pastor que não consegue partilhar sua intimidade com sua esposa será uma presa fácil nas mãos do Inimigo. Aqueles que se fecham em si mesmos são os mais vulneráveis. Ter um amigo para “confessar” as tentações é uma das melhores formas de evitar entrar no estágio onde não há mais como resistir, sim, porque a tentação é como um imã, nos atrai mas se mantivermos determinada distância é possível resistir sua força de atração, mas há o ponto crítico que se ultrapassar a linha invisível é impossível o retorno.
É com tristeza que lembro que durante meus 15 anos como pastor ordenado trabalhando na IASD, recordo poucos momentos onde o tema da sexualidade foi trabalhado com os pastores. Entre essas parcas lembranças, algumas eu mesmo tomei a iniciativa em meditações para pastores ou fazendo intervenções nas falas de palestrantes. É certo que em Encontros de Casais Pastorais se fala em sexo, mas geralmente em sexo conjugal, pouco se fala da dinâmica da tentação e como evitá-la. No mestrado, ouvi duas menções diretas sobre o assunto, uma com o dr. Estrada, na matéria sobre aconselhamento (no Unasp), e a outra, numa classe sobre Romanos no Iaene, ministrada por um professor argentino, Pereira creio ser seu nome. Além dessa, um concílio da Divisão no Iaene, ofereceram uma classe sobre sexualidade, optativa porque havia outras aulas simultâneas, onde não creio que foi possível todos assistirem, eu mesmo não consegui. Portanto, há um problema identificado. Enquanto acharmos que nossos pastores são seres super espirituais e inumes às pulsões sexuais teremos problemas.
A realidade é construída pela palavra. O ato de dar nomes as coisas, fez com que elas, de certo modo, passassem a existir. Os teóricos da filosofia dos Atos de Fala advogam que as palavras têm o poder de alterar realidade e construir outras. Dito de outra forma, do que não se fala não existe. Se não falarmos dos problemas em potencial da sexualidade no pastorado, é como se eles não existissem. Se você não fala de determinados temas na família e/ou na igreja, eles deixam de “existir”. O Diabo gosta dessa estratégia. Omitir significa negar a existência, e negando a existência é mais fácil agir sem ser combatido. O inimigo se torna “invisível” porque nós o tornamos assim. Isso é muito perigoso.
Por experiência pessoal quero partilhar como até agora não “caí”, não foi por falta de desejo nem de oportunidade, mas porque incutir na minha mente três PENSAMENTOS POSITIVOS: sempre que sou tentado no campo da sexualidade procuro lembrar-me do meu DEUS, da minha FAMÍLIA e da minha IGREJA (esta ordem não pode ser alterada). Não tem tesão que resista a essa tríade santa! Além do mais, minha vida interior passou por um processo radical quando comecei a compreender a mim mesmo. Isso foi possível bebendo de quatro fontes: a Bíblia, os escritos de EGW, principalmente Caminho a Cristo, os escritos de Freud (a psicanálise) e o livro As Confissões de Santo Agostinho. Na Bíblia aprendi sobre a “natureza humana pecaminosa”, imprevisível, indomável, que sozinha está condenada ao fracasso, mas também compreendi que a salvação é muito maior que todos os nossos pecados acumulados. Isso pode parecer evangelho para juvenis, porém muitos pastores ainda não aprenderam os rudimentos do Evangelho. No Caminho a Cristo encontrei a confiança para falar das minhas fraquezas a Deus sem medo de ser condenado. Que alívio! Nas Confissões de Agostinho compreendi muito sobre o que pode estar por trás do nosso comportamento. Um ponto mágico no livro é quando Agostinho se questiona por que ele roubava frutas verdes se ele não gostava delas e elas não serviam para comer... o mistério das nossas ações... Ele estava antecipando o que Freud iria descobri séculos depois, a teoria do Inconsciente, na qual, dizia o mestre de Viena, as nossas ações conscientes são apenas a ponta do iceberg, é o inconsciente a parte escondida nas profundezas do nosso ser, e isso envolve também as forças impulsoras do nosso comportamento sexual.
Depois dessa iniciação no deserto do meu ser, assumi de forma mais positiva minha real personalidade. Admitir os pontos onde era (e ainda sou) vulnerável, e passei a confiar mais na providência de Jesus em minha vida, e adotei umas posturas preventivas. (1) Ter uma amizade franca com minha esposa para que possa falar sem constrangimento sobre tentação sexual, e ser acolhedor o suficiente para que ela faça o mesmo. Atualmente, eu brinco com minha esposa dizendo que se a trair não será culpa dela, mas será por safadeza mesmo; (2) Ter um amigo, NUNCA UMA AMIGA, para falar sobre minhas tentações sexuais. Graças a Deus tenho alguns amigos com os quais não tenho nenhum receio de falar sobre o tema. ISSO É MUITO IMPORTANTE, tanto as pesquisas quando a experiência tem confirmado; (3) Evitar situações de riscos. Já ouvi de amigos que estavam sendo tentados e que inconscientemente eram levados a estarem perto da tentação. E o que mais assusta é que a pessoa envolvida não percebe isso, por isso a importância da alteridade, um outro, esposa ou amigo, para “abrir nossos olhos”, da antítese nesse processo dialético existencial. Infelizmente, muitos agem como Caim, “o que eu tenho a ver com isso? Sou tutor do meu irmão?”. Sim, somos responsáveis. Muitos problemas sexuais poderiam ser evitados se o tentado tivesse alguém que o ouvisse e dissesse o que ele necessitava ouvir. Muitos amigos já me deram puxões de orelhas por algum tipo de comportamento leviano. E como agradeço a esses caras, eu os amo de verdade. São eles a voz de Deus me dizendo não o que gostaria de ouvir, mas o que necessitava ouvir. Entretanto, o problema principal não é a ausência do outro para evitarmos o pecado, mas a não consciência da presença do Outro (Deus) em nossa vida.
Na dinâmica da tentação, extraída de Gênesis 3, tudo começa pelo olhar e pelo ouvir. O texto não deixa claro o que veio primeiro, mas no caso das tentações sexuais o olhar, ou melhor, a troca de olhares, é o ponto de partida, seguido da aproximação da fonte da tentação, da fala, do toque e do “comer” do fruto (aqui com duplo sentido). Nesse processo, a medida que os passos são dados a capacidade cognitiva é reduzida, é o que mostra a neurociência, o indivíduo vai perdendo sua racionalidade ao ponto de cometer “loucuras” dominado pelos desejos. Portanto, a chave consiste em evitar a “troca de olhares”, evitando isso se poupa muitas situações desastrosas.
O anonimato desnuda a nossa alma. O texto bíblico citado acima nos adverte quanto ao perigo de conversar com “a serpente”. Em português o verbo falar na primeira pessoa do singular do presente do modo indicativo, “eu falo”, está repleto de referência erótica. Porque “falo” tanto significa o ato de falar quanto é uma referência ao “pênis” (falo). Na era da virtualidade, o fenômeno do anonimato (invisibilidade) tem provocado uma alteração no comportamento dos usuários da internet. Pesquisas mostram que as pessoas são capazes de dizer coisas que não teriam coragem de dizer pessoalmente. Isso é perfeitamente possível se você se aproximar demais da “serpente”. Quando leio Gênesis 3 fico me perguntando por que Eva não reagiu? Por que não ficou assustada em ver uma serpente falando? Tenho duas hipóteses: a primeira “familiaridade”, talvez já tivesse visto antes, e na primeira vez tenha estranhado, mas agora estava familiarizada com a serpente. A segunda, ela foi movida pela “curiosidade”. Familiaridade é um ato repetitivo, e a curiosidade é o desejo pelo desconhecido. Ambas quando aplicadas ao campo da sexualidade podem ser fatais. Um conselho que dou, evitem bate-papo com o sexo oposto na internet, mesmo aqueles que julgamos “espirituais”. É através do diálogo que estabelecemos redes de intimidades, sejam positivas ou negativas. Portanto, não pense que as pesquisas mentem quando afirmam que numa sala de bate-papo você pode desnudar sua alma e assumir um comportamento completamente diferente de suas crenças religiosas e morais. O próprio Jesus evitava “conversar” com os espíritos imundos... no deserto seu “diálogo” com o Diabo foi completamente apologético. Dessa forma, evitar conversar com a serpente é um modo seguro de não cair na armadilha do inimigo.
O que podemos inferir de tudo isso? É que o pecado faz parte constituinte da nossa natureza, mas o ATO PECAMINOSO é perfeitamente EVITÁVEL. Quantas pessoas que conheço que nem sequer conhecem a Deus e nunca traíram seus cônjuges, quanto mais nós que temos todas as fontes espirituais a nossa disposição! Acrescento ainda alguns pensamentos. Não são apenas os ROSTINHOS BONITOS que são tentados, os FEIOS TAMBÉM SÃO TENTADOS. Falo por experiência! Portanto, não existe ninguém que esteja fora da esfera da tentação, mas podemos estar debaixo do domo da proteção divina. “Vigiai e orai, para que não entrei em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mat. 26.41). Sim, amigos, a carne é fraca, MAS O NOSSO DEUS É FORTE!!!
Se José, Daniel, Jeremias, Isaías, os outros Profetas do AT, Jó, João Batista, Paulo e os Apóstolos venceram, nós também podemos!


quarta-feira, 24 de maio de 2017

Se Eu Fosse o Diabo

Por George Knight apresentou este sermão na Conferência Geral de 2000 em Toronto. Professor da Andrews University.


O adventismo, às margens do século vinte e um, está onde nunca esperou estar: na Terra. Ele tem se expandido além dos sonhos mais ousados de seus fundadores e continua a se expandir. Quando entrei para a igreja em 1961, existiam mais de 1 milhão de adventistas em todo o mundo.
Image result for george knightEste número aumentou para mais de 2 milhões em 1970, 3,5 milhões em 1980, perto de 7 milhões em 1990 e ao redor de 11 milhões em 2000. Segundo a taxa de crescimento atual, podemos esperar encontrar 20 milhões de adventistas em 2013 e 40 milhões entre 2025 e 2030, se chegarmos até lá. Que mudança do ano de 1848, quando existiam cerca de 100 fiéis. Para eles, a visão inspirada de Ellen White de que o adventismo seria um dia como raios de luz regando o planeta, deve ter parecido loucura. Se algum deles tivesse predito 11 milhões de adventistas, os outros como Sara, esposa de Abraão, provavelmente teriam rido. Existe um senso de que o impossível aconteceu. Aqueles pioneiros eram poucos, pobres e fracos. Já a igreja hoje é composta por muitos, com a maior presença na história entre o protestantismo ao redor do mundo, dispondo de bilhões de dólares em meios e afins.
Entretanto, este crescimento tem trazido complicações e desafios. As coisas eram simples nos primeiros dias da Igreja Adventista. Todos falavam a mesma língua, pertenciam a uma mesma raça, viviam em uma mesma área (nordeste dos Estados Unidos) e haviam sido criados em uma mesma cultura em que se tinha as mesmas esperanças e se valorizava a expectativas.
No ano 2000, o adventismo está longe de ser simples. Penetrou mais de 200 nações, utiliza mais de 700 línguas e há grande variação em cultura e expectativas. O adventismo tem hoje reservas financeiras e de trabalhadores qualificados sem paralelo, mas ainda assim encara desafios sem precedentes para continuar a missão. Felizmente, nosso Deus é o Deus do impossível. Para o melhor ou pior Ele escolheu usar instrumentos humanos e falhos a fim de finalizar Sua obra.
Se eu fosse o diabo (um dos meus jogos favoritos), concentraria todas as minhas energias no elemento humano, que trabalha no plano de Deus enquanto Sua igreja procura caminhar do presente ao futuro. Na verdade, se eu fosse o diabo, planejaria minha estratégia com muito cuidado. Eu formularia um plano muito bem estruturado para frustrar a igreja na realização da missão.

A Próxima Geração 
A primeira tarefa na minha agenda seria concernente a geração jovem emergente na igreja. Se eu fosse o diabo, concentraria todas as minhas energias fazendo com que a igreja rejeitasse as idéias e planos da nova geração.
E isso não seria tão difícil já que na maioria dos lugares eles não se vestem, cantam ou pensam como os membros mais velhos. Quando conseguir que os de mais idade protestem contra os violões, farei ao mesmo tempo com que esqueçam que os adventistas do passado não permitiam nem sequer órgãos em suas igrejas. Providenciaria também para que os mais velhos se esquecessem que Jesus usou estórias de ficção como a do homem rico e Lázaro, e que quando Ellen White usou o termo drama, se referia ao que chamamos hoje de novelas. Eu certamente encorajaria os membros mais velhos a encarar esse assunto como um grande mal ao invés de simples parábolas. Faria a Igreja Adventista esquecer que seu movimento começou basicamente com pessoas jovens cujas idéias eram criativas e de inovação.
O diabo não é burro. Ele sabe que se puder desencorajar nossos jovens a abraçar a liderança da igreja, será o fim dela. Para alcançar a geração jovem, devemos aprender a nos comunicarmos à maneira deles, tal como Jesus usou a linguagem de Seus dias, e assim também o fez Tiago White. Se a igreja insistir em usar a linguagem do século dezenove para alcançar os jovens do século vinte e um vai acontecer o mesmo ocorrido com os Amishes (comunidade tradicional americana que preserva valores religiosos e sociais dos seus ancestrais), que mantiveram suas formas e tradições, porém perderam a noção de seu objetivo no mundo.
A igreja precisa reconhecer que as novas gerações não pensam como nós que nascemos nos anos 40 ou antes. A lealdade à marca acabou. O mundo pós-Watergate, pós-Vietnam, e pós-moderno também tende a ser pós-denominacional. A igreja não pode mais esperar lealdade apenas porque as pessoas nasceram adventistas ou simplesmente porque elas acham que o adventismo tem a verdade. Ao contrário, a igreja precisa mostrar que é exatamente o que diz ser e que está usando seus recursos e fundos fielmente.
Esse não é um problema pequeno. Os jovens da igreja, são sua maior força, e os jovens de fora são o seu campo missionário presente e futuro. Os jovens são a maior oportunidade da igreja e, ao mesmo tempo seu mais sério desafio. A igreja deve formular planos para alcançar as mentes jovens e ganhar seu apoio, afinal, eles são a igreja do futuro.

Pensando Pequeno
Se eu fosse o diabo, faria com que a igreja pensasse pequeno. Esta tática é semelhante àquela de frustrar os jovens, porque os jovens pensam ousadamente. Conheço adventistas que podem apontar 110 razões para quase tudo que seja proposto não possa ser feito. Eles freqüentemente baseiam seus argumentos em versos bíblicos e citações de Ellen White usados fora de contexto.
Tais apóstolos do negativismo aparentemente nunca leram Testemunhos para a Igreja, volume 6, página 476: "Novos métodos e planos surgirão oriundos de novas circunstâncias. Novas idéias virão de novos obreiros que dão a si mesmos pela obra... Eles receberão planos traçados pelo próprio Senhor." Novos obreiros são freqüentemente obreiros jovens.
Essas pessoas precisam aprender a lição do besouro. É aerodinamicamente impossível para um besouro voar, mas como ele não sabe disto, voa de qualquer maneira.
Pensar grande no adventismo significa batizar 50 pessoas em 2001, e não 25; significa chegar aos 20 milhões em 2004 e não 2013. Pensando pequeno a igreja permanecerá neste planeta ainda por um longo tempo.
Lembro-me do meu amigo no Havaí, Arnold Trujillo. Ele tem presentemente 29 igrejas e grupos em funcionamento com 5.500 membros, e declarou publicamente que seu alvo é ter 10.000 pequenos grupos de 12 membros cada em 2005 e já está trabalhando arduamente para esta expansão. Isto é visão ou ilusão? Pode ser que estes conceitos estejam quase que se confundindo. Porém nunca esqueça que Jesus disse aos discípulos para levar o evangelho a todo o mundo e essa também foi a tarefa impossível com a qual se depararam nossos ancestrais no adventismo. O que precisamos é termos fé e meditarmos sobre a magnitude da chuva serôdia. Como podemos pensar grande e melhor utilizar nossos recursos para tornar nossos sonhos realidade?
Se eu fosse o diabo, faria as pessoas acreditarem que existe somente uma maneira de fazer as coisas, e que todos têm que fazê-las da mesma maneira. A forma de culto por exemplo. Alguns anos atrás surgiu um clima de tensão na Divisão Norte Americana a respeito do que foi chamado culto celebration. Eu não sei muito bem o que é culto celebration, mas, uma coisa sei: Posso dormir durante a invocação do culto divino e acordar na bênção final, e ainda assim dizer tudo o que aconteceu durante o mesmo.
A igreja precisa levar em conta que, como disse Ellen White, "Nem todas as mentes são alcançadas através dos mesmos métodos." Os estilos de culto por exemplo estão intimamente ligados à classe socioeconômica das pessoas. O que alcança uma comunidade de classe média alta, pode não ter o mesmo êxito com os Pentecostais, Anglicanos, Ortodoxos ou Islâmicos. Temos que ter métodos que alcancem a todos os tipos de pessoas. O adventismo não necessita de apenas de um ou dois tipos de culto, mas de 50. Um outro jeito de dizer isso é que se todos na igreja parecem comigo, nós não estamos indo muito longe na pregação do evangelho.
Falamos sobre formas de culto. O mesmo se aplica ao evangelismo. Nosso Deus criou variedade em todos os lugares. Devemos nos mover além dos padrões e alcançar todos os filhos de Deus. Se quisermos atingir até aqueles mais diferentes de nós mesmos, devemos desenvolver métodos e procedimentos bem diferentes dos que já temos.

Novas Tecnologias
Se eu fosse o diabo, faria desacreditada a importância de novas tecnologias para a finalização a obra. A tecnologia avançada tem grande poder tanto para o bem como para o mau. Freqüentemente temos perdido este campo para o diabo. H. M. S. Richards me disse uma vez que tinha que discutir com os irmãos todos os dias, pois o rádio na década de 1930 era novidade, considerado muito radical, "um desperdiço do dinheiro do Senhor."
Atualmente, dispomos de tecnologias sofisticadas para espalharmos a mensagem, tais quais Richards jamais sonhou. Hoje como nunca, necessitamos de uma geração com o espírito de H. M. S. Richards, porém com imaginação do século vinte e um.
Antes de encerrar este tópico, gostaria de confessar que inicialmente achei a idéia da NET uma loucura. Quem iria à igreja para assistir a um pregador através de uma tela? Estou feliz por ter me enganado. A NET colocou os adventistas no topo da comunicação mundial. Quantas outras idéias estão ainda por serem descobertas? Como melhor poderemos utiliza-las?

Envolvimento Leigo
Se eu fosse o diabo, faria dos pastores e administradores o centro do trabalho da igreja. Deve ter sido do diabo a idéia de que só o pastor deve pregar, dar estudos bíblicos, ser o principal ganhador de almas e tomar todas as decisões pela igreja.
Devemos ver a igreja como bem mais do que um centro de entretenimento para santos. Precisamos ter mais pastores interessados em treinar os conversos. Se esperarmos que apenas os pastores ganhem almas a igreja vai permanecer na terra mais tempo do que a própria eternidade. O desafio é criar uma geração de pastores e administradores adventistas que se tornem uma equipe competente para capacitar pessoas a usarem seus talentos no trabalho de alcançar o mundo. Os pastores precisam treinar pessoas, e não simplesmente, como as galinhas, colocar seus filhotes embaixo de suas asas, aonde estarão seguros.
Al McClure foi mencionado como tendo dito, que qualquer igreja que em 3 anos não gere outra igreja, deve perder seu pastor. Se o velho McClure não disse isto, ele devia. O adventismo precisa definir os passos necessários para desenvolver o lado capacitador do pastor.
Se eu fosse o diabo, subestimaria a importância da congregação local. Uma das grandes necessidades do adventismo é a manutenção de congregações locais vibrantes. Uma congregação saudável não é um grupo de indivíduos independentes entre si, mas uma unidade de crentes alcançando a comunidade ao redor.
A tarefa da igreja no mundo, através da Conferência Geral é coordenar fundos e pessoal para espalhar a mensagem de Cristo a todos os cantos do planeta. Entretanto, o congregacionalismo, como forma de organização, não é auto-suficiente. Por outro lado, a denominação, ao longo do tempo, somente será saudável na medida em que também forem nossas congregações locais. O que podemos fazer para que nossa congregação local seja saudável?

Crescente Burocracia
Se eu fosse o diabo, criaria mais administradores e níveis de administração. Na verdade, criaria empregos assalariados na igreja com o maior número possível de funcionários, desviando assim o objetivo da missão. Eu os colocaria em escritórios, os cobriria de papéis e os inundaria de reuniões e comissões. E se isso não fosse o bastante, eu os promoveria para os tão chamados níveis mais altos e cada vez mais os afastaria do contato direto e alimentador com as pessoas que fazem a igreja. Agora, não me entendam mal. Eu acredito na organização da igreja. Mas também acredito em comida, e sei que o exagero de coisas boas é prejudicial. Muitos adventistas acreditam que deveríamos reduzir o número de cargos administrativos para que pudéssemos lutar na linha de frente com mais dinheiro e energia. Muitos adventistas estão cansados de pagar uma conta massiva para um sistema de multicamadas.
No Concílio Anual ocorrido no Brasil em 1999, mostrei que não existe uma igreja no mundo com tantos níveis administrativos para manter como o adventismo. Quando o artigo foi publicado na Revista Adventista, o editor quis adicionar "exceto o Catolicismo Romano". A minha resposta foi para que se adicionasse: "inclusive o Catolicismo Romano". O Catolicismo Romano tem apenas 2 níveis acima da congregação local, enquanto o adventismo tem 4. Nosso sistema foi criado na época da carroça puxada a cavalo, antes da total disponibilidade do telefone. O desafio para a igreja no século vinte e um será uma reorganização, levando em consideração os meios modernos de transporte e comunicação.
Estou terminando de escrever um livro sobre a história da organização da igreja adventista no mundo, onde sugiro um modelo de 3 camadas, totalmente reestruturado, e arranjado de tal forma a captar as vantagens de uma igreja mundial, e ao mesmo tempo em condições de prover para as iniciativas locais. Cada vez mais os adventistas estão se dando conta de que existem outras maneiras de estruturar a igreja num mundo pós-moderno, para que mais mão de obra e dinheiro fiquem disponíveis para finalizar a obra de Deus na terra. Dinheiro em demasia, pensam muitos, está sendo usado para mover o mecanismo, como se o mecanismo fosse um fim nele mesmo. Muitas das oportunidades potenciais do futuro dependem de uma bem-sucedida reestruturação, de maneira a disponibilizar estes recursos. Esta tarefa talvez seja um dos maiores desafios com o qual nos depararemos ao se iniciar o século vinte e um.

Espírito Santo
Se eu fosse o diabo, faria com que os adventistas ficassem com medo do Espírito Santo. Muitos de nós tememos o pentecostalismo quando se trata do Espírito Santo. Precisamos nos lembrar o que a Bíblia nos ensina acerca da necessidade do Espírito Santo no trabalho cristão. Ellen White também nos ensinou que ao recebermos o Espírito Santo, recebemos juntamente outras bênçãos.
Alguns anos atrás, em uma reunião da Conferência Geral, notei que a igreja adventista não acredita realmente em suas 27 doutrinas. Especialmente naquela sobre os dons espirituais. Nós acreditamos em um dom espiritual, mas não nos dons espirituais, e em maioria, restringimos este dom a uma única pessoa, que já repousa em seu túmulo há 85 anos. O que aconteceria se eu recebesse o dom de línguas hoje, agora, durante este sermão? Ou o dom de profecia? Com certeza se formaria uma comissão especial para estudar a situação durante os próximos 10 anos. Tenho que admitir que só de falar a respeito me deixa nervoso, pois é impossível se controlar o Espírito.
Nós temos a promessa em Joel 2 do derramamento do Espírito Santo nos últimos dias, derramamento este que provavelmente dividirá a igreja no meio. Com que freqüência meditamos a respeito do Espírito Santo e derramamento da chuva serôdia? Será que estamos tão concentrados em alvos, estruturas e comportamento humano que esquecemos do poder atrás de cada um deles? Que atitudes podem ser tomados para permitir que o Espírito Santo ocupe Seu próprio lugar dentro do adventismo? Ou esperamos completar nossa obra sem Sua presença perturbadora?

Jogo dos Números
Se eu fosse o diabo, encorajaria nossa denominação a continuar com o jogo dos números. A pior coisa que já aconteceu com os adventistas foi aprender a contar. Nós contamos igrejas, instituições, dinheiro, e tudo mais. Os números têm seu lugar, mas pouco haver com a realidade da finalização da obra. Um resultado do jogo dos números é que tendemos a colocar a maior parte do nosso dinheiro em locais onde podemos obter mais batismos por menos dinheiro. Isto significa que não temos dado a devida atenção àquelas partes do mundo mais difíceis de serem alcançadas. Na Divisão Norte Americana o grupo mais difícil de ser evangelizado é o de caucasianos (brancos). Alguns anos atrás, escrevi uma carta ao presidente desta Divisão dizendo que se não nos empenharmos mais em um evangelismo criativo, que satisfaça esse grupo, em 50 anos o grupo mais difícil de ser alcançado será o de brancos norte-americanos.
O problema dos números toma diferentes configurações em várias partes do mundo, mas deve ser levado em plena consideração quando fizermos nossos planos para alcançar filhos de Deus.
Se eu fosse o diabo, levaria os adventistas a esquecerem sua herança apocalíptica. O adventismo nunca se viu como uma denominação qualquer, mas sim como um movimento de profecia, com suas raízes em Apocalipse 10 - 14. É esta crença no adventismo como um povo especial chamado para levar a mensagem, que tem levado a igreja aos confins da Terra. Se esta crença acabar, o adventismo se tornará apenas mais uma denominação com algumas diferenças dentre as outras religiões.
Nossa maneira de lidar com a mensagem apocalíptica nos planos futuros determinará se o adventismo continuará a ser um movimento ou se transformará em um monumento do movimento, e eventualmente um museu do movimento. Já que estamos no assunto do Apocalipse, é importante nos dirigirmos ao povo de nossos dias. As pessoas não se interessarão pelo advento ouvindo falar que houve um grande terremoto em Lisboa em 1755, ou sobre a queda das estrelas em1833.
Não há nada errado em apresentar a história de nossa igreja para as pessoas. Elas podem até ser tocadas por estes fatos, mas é de maior importância que elas vejam os acontecimentos apocalípticos que estão em andamento em nossos dias.
Se eu fosse o diabo, faria os adventistas acreditarem que suas doutrinas são todas de igual importância. Quando a verdade é que o centro do cristianismo é ter uma relação salvadora com Cristo. Esta relação com Cristo não se iguala a abstenção da carne de porco por exemplo. Tenho conhecido vegetarianos e guardadores do sábado que são mais cruéis que o próprio diabo. A igreja precisa identificar dentro de suas crenças o que é primário e central e o que é secundário.
A Bíblia é clara em dizer que o cristianismo genuíno vem de uma relação salvadora com Jesus Cristo. É muito fácil ser um adventista sem ser um cristão. No programa adventista de alcançar almas, a centralidade de Cristo deve ser deixada clara como o cristal.
O desafio é estruturar nossas técnicas conscientemente, para que as pessoas se tornem cristãs e conseqüentemente adventistas, pois o adventismo sem cristianismo é vazio e sem significado.

Desentendimentos
Se eu fosse o diabo, faria com que os irmãos começassem a se desentender. Qualquer assunto serviria: Formas de culto, teologia, formas de vestuário, etc. Afinal, se eles estivessem atingindo uns aos outros com sua munição, não acertariam nada em mim.
O diabo tem sido vitorioso nesta estratégia. O que pode ser feito para encontrarmos e vencermos o verdadeiro inimigo?
Se eu fosse o diabo, faria com que os adventistas começassem a raciocinar de forma tribal, nacional e racial. Faria da igreja uma grande discórdia, indiferente para com a missão. Reconheço que existem injustiças que precisam ser analisadas e situações complexas difíceis de serem solucionadas. Minha súplica é que nas situações mais difíceis e injustas nos comportemos como irmãs e irmãos nascidos em Cristo, em condições de discutir os assuntos sem perder de vista a missão da igreja. O adventismo precisa desenvolver mecanismos para enriquecer e iluminar seu multiculturalismo e internacionalismo.
Finalmente, se eu fosse o diabo, faria com que os adventistas ficassem entediados durante o sábado. Eu pergunto: O que os adventistas preferem? O pôr-do-sol de Sexta-feira, ou o pôr-do-sol de sábado? Muitos de nós agimos como se o sábado fosse a pena por sermos adventistas, e não um sinal de nossa salvação e a maior bênção da semana. Esta atitude desafortunada está presente em muitas de nossas igrejas. Já estive em igrejas adventistas nas quais não fui sequer cumprimentado. Não querendo que os irmãos se sentissem mal, não disse nada. Só que eles não sabiam que eu era o pregador naquele dia. Então, durante sermão perguntei: "Se vocês não fossem membros da igreja adventista do sétimo dia, e estivessem visitando esta igreja, voltariam algum dia?" Eu certamente jamais voltaria.
É necessário muito mais do que apenas doutrinas para encher uma igreja. Precisamos de Jesus. Bem, já cansei de brincar de diabo. Aonde entra Deus em tudo isto?
Se eu fosse Deus, encorajaria os adventistas do sétimo dia a pensarem, planejarem e agirem de maneira a combater os planos do inimigo. Os encorajaria também a multiplicar o poder das bênçãos e a encarar os desafios de maneira honesta e cristã e ainda, a concentrar suas energias em maximizar suas oportunidades. O sucesso não vem por acaso. É o produto de planejamento e ação.
Para terminar, gostaria de agradecer à Conferência Geral pela chamada para o significante pensamento e discussão sobre as cinco janelas da igreja. Você sabe, isso é uma operação perigosa. Eu não tenho certeza se você sabe disso ou não. Uma coisa é tirar as minhocas da lata; e outra é fazer com que elas retornem. A tarefa hoje é para cada um de nós e teremos a oportunidade de fazer uma lista do que ele ou ela considera ser grandes oportunidades para a igreja hoje e os grandes desafios na medida em que ela espera completar sua missão no século vinte e um. –

GEORGE KNIGHT apresentou este sermão na Conferência Geral de 2000 em Toronto.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

UM DEUS QUE PERDOA E RESTAURA

Pr. Evandro L. Cunha (Ph.D)

H.A. = 109.
INTRODUÇÃO:
1. Jesus ao morrer na cruz, exclamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...”         (Lucas 23:34). 
2. Uma das palavras importante do evangelho é PERDÃO.
3. Os medievais diziam que o principal ofício de Deus era perdoar.
4. Alguns acham que a palavra mais doce na bíblia é a palavra PERDÃO.
5. A história que iremos meditar fala do pecado, do perdão e da restauração espiritual.
6. Está registrada em II CRÔNICAS 33:1-20.

I – QUEM FOI MANASSÉS? II CRÔNICAS 33:1-20.
1. O rei Manassés recebeu esse nome do seu pai, o piedoso rei EZEQUIAS em homenagem a tribo que levava esse nome – a tribo de Manassés, um dos filhos de José (Gen 48:1). 
2. A primeira vez que aparece esse nome na Bíblia foi dado por José no Egito a um dos seus filhos.
3. Significa “aquele que faz esquecer” [Em hebraico Menashsheh].
4. Talvez José tenha colocado esse nome em seu filho como símbolo do “passado que desejava esquecer”.
5. Ezequias ao colocar esse nome em seu filho talvez desejasse esquecer algo de seu passado.
6. Eu creio que todos nós desejamos esquecer algumas coisas do nosso passado!
7. Sua mãe chamava-se HEFZIBÁ (cujo significado é “meu deleite está nela”) II Reis 21:1, alguns acreditam que ela era filha de Isaías, daí o fato de ser mencionado o seu nome.
8. O QUE FEZ?
Exerceu o reinado mais longo na história de Judá.
VERSO 2 - “fez ele o que era mau perante o Senhor...”.  Essa frase introduz uma lista de atos pecaminosos.
Ellen White afirma que, entre os pecados de Manassés, estava o assassinato do profeta Isaías.
”Um dos primeiros a cair foi Isaías, que durante mais de meio século estivera perante Judá como mensageiro apontado por Jeová. "Outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra." Heb. 11:36-38”.  EGW, PP, 382.

II – POR QUE MANASSÉS SE AFASTOU DE DEUS?
1. Nós lemos na Bíblia que embora Ezequias tenha falhado em alguns aspectos de sua vida, ele foi um bom homem.
2. Ezequias viveu a maior parte de sua vida fazendo a vontade de Deus. Morreu e com certeza estará entre os salvos.
3. Por que então seu filho não seguiu o seu bom exemplo?
4. Aqui há um mistério: O próprio Ezequias teve um péssimo exemplo de seu pai Acaz.
5. Mas Ezequias trilhou um caminho de obediência a Deus. Às vezes, um exemplo de desobediência inspira obediência no outro.
6. É como se a pessoa pensasse: Não quero isso para minha vida. Vou fazer diferente.
7. Aqui encontra-se uma lição para todos nós: Vivemos num mundo marcado pelo Conflito Cósmico (a luta entre o Bem e o Mal).
8. As coisas aqui em baixo, nem sempre dão certo.
9. Alguns acreditam que a influência de ACAZ, avó de Manassés tenha sido determinante. 
10. Entretanto, quando Manassés nasceu, Acaz já estava morto. Talvez as histórias de aventuras no reino encantado da maldade tenham despertado Manassés a copiar as obras más do avô.
11. APLICAÇÃO: Como falamos, vivemos num mundo marcado pela influência do mal. Nem sempre encontramos explicamos lógicas, razoáveis para determinados comportamentos dos filhos d Deus.
12. Talvez esteja falando agora para uma mãe que fez tudo certo na educação do seu filho, e hoje ele não se encontra mais na igreja.
13. Talvez esteja falando para um marido que fez de tudo para salvar seu casamento, mas infelizmente viu o mesmo de desfazer em pedaços sem poder fazer mais nada.
14. Ezequias fez o melhor por seu filho Manassés, mas tudo deu errado.
15. Mas a história não termina por aqui. Deus tinha um plano para a vida de Manassés. E este plano só poderia ser realizado se Manassés reconhecesse seus pecados e buscasse o Senhor com todo o seu coração.
16. A Bíblia chama esta atitude de oração.
17. Eu não sei se você já parou para pensar sobre o que a oração sincera é capaz de fazer.
18. Manassés parecia um caso perdido, até que sua vida mudou completamente quando ele começou a orar.
19. APLICAÇÃO: Está você querido amigo enfrentado alguma situação aparentemente sem solução? Confie no poder da oração.
20. A história de Manassés nos ensina que:

III – O QUE A ORAÇÀO É CAPAZ DE FAZER:
1. Verso 12 = Ler.
2. Não foi uma oração qualquer. Foi uma súplica, um clamor. Um agonizar da alma.
3. Aqui está o segredo da vitória espiritual – orar com fervor e fé!
4. A esta altura Manassés se lembrou da experiência de seu pai.
5. Como a oração de Ezequias o livrou da morte.
6. Há poder na oração.  O Diabo sabe que o filho de Deus que tem o hábito de orar, é imbatível.
7. Através da oração Manassés teve sua vida restaurada
8. Deus perdoou Manassés.
9. MAS as consequências, Manassés teve que arcar.
10. A Bíblia chama este princípio espiritual de “Lei da semeadura e da Colheita”.

V – A LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA: (II Cron 33:21-23). Leiamos o texto.
1. Amom, filho de Manassés “fez o que era mau perante o Senhor...” (v.22).
2. “Mas não se humilhou perante o Senhor, como fez Manasses, seu pai...” (v.23)
3. “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará” Gal 6:7.
AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO:  “Esta aflição trouxe o rei ao seu juízo; "ele, angustiado, orou deveras ao Senhor seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais; e Lhe fez oração, e Deus Se aplacou para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusalém, ao seu reino. Então conheceu Manassés que o Senhor era Deus". II Crôn. 33:11-13. Mas este arrependimento, notável embora, veio demasiado tarde para salvar o reino da influência corruptora de anos de prática idolátrica. Muitos haviam tropeçado e caído, não se levantando mais.” – EGW, PP,  383. 
JERUSALÉM seria destruída devido ao pecado de Manassés: (2 Reis 24:3) = “Foi, na verdade, por ordem do Senhor que isto veio sobre Judá para removê-lo de diante da sua face, por causa de todos os pecados cometidos por Manassés”.
APLICAÇÃO: Os nossos pecados têm consequências não apenas no presente, mas também no futuro. 
Deus nos PROMETE o perdão, mas NÃO ANULA AS CONSEQUÊNCIAS dos nossos pecados!
A atitude mais sábia é evitar o pecado a qualquer custo. Mas se esta mensagem está chegando ao teu coração tarde demais. Só resta agora implorar a misericórdia de Deus em tua vida.

CONCLUSÃO:
Tomemos posse da PROMESSA DE PERDÃO que o Senhor Jesus nos oferece: 

1. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9).
2. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (I João 2:1).
3. “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade, e que te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque ele se deleita na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades. Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miq. 7:18-19).
4. O Deus que perdoou Manassés, enviou Seu único Filho, Jesus Cristo, para morrer por você na cruz dos Calvário.
5. Suas últimas palavras foram sobre o perdão.
6. Você crê que Jesus morreu por você?
7. Você crê que Ele te ama e te perdoa?
8. Então, aceite Seu perdão neste momento em nome de Jesus.
9. Oremos.

AOS JOVENS DA IGREJA DE LAODICÉIA


Pr. Evandro L. Cunha (Ph.D)

Introdução:
1. QUEBRA-GELO:
2. SAUDAÇÃO: Por que estamos aqui? Eu perguntei a uma jovem que estava indo a um congresso de jovens, quais eram seus objetivos ao participar de um evento como este. Ela apontou três: 1) – Adorar a Deus; 2) Rever os amigos e conhecer pessoas; e por último disse: 3) E com sorte pastor, conseguir um namorado. 
3. Sejam quais forem seus objetivos pelos quais vocês vieram, que eles possam ser realizados!
4. Vamos abrir nossas Bíblias em Apocalipse 3.
5. O contexto do texto para nossa mensagem de hoje, tem um pano de fundo escatológico, ou seja, está relacionado com os eventos finais que ocorrerão antes da volta de Jesus.
6. O versículo para nossa reflexão faz parte da Carta à Igreja de Laodicéia.
7. Não vamos falar propriamente sobre a Igreja de Laodicéia, embora julgo importante esclarecer alguns pontos sobre o contexto.
8. Podemos estudar as Cartas às Sete Igrejas por pontos de vistas distintos:

  • a. DO PONTO DE VISTA HISTÓRICO: As Sete Igrejas eram igrejas literais geográfica e historicamente. Elas existiram na antiga região da Ásia Menor conhecida por Anatólia. Hoje esta região é onde está, aproximadamente, a Turquia. 
  • Antes de interpretarmos estas cartas devemos lembrar que elas foram escritas dentro de certos contextos histórico-culturais diferentes da nossa cultura.
  • Havia mais de sete igrejas naquela região, mas o Espírito Santo escolheu apenas sete, talvez com o objetivo simbólico.
  • Outro modo de estudar as Sete Igrejas é:
  • b. DO PONTO DE VISTA PROFÉTICO: Devido ao simbolismo sugerido pelo contexto, podemos interpretar as Sete Igrejas como Sete Períodos Proféticos partindo da época dos Apóstolos até a vinda de Jesus.
  • Por fim, também podemos estudar as Sete Igrejas:
  • c. DO PONTO DE VISTA EXISTENCIAL: Cada igreja além dos dois aspectos histórico e profético, também podem descrever estados espirituais do povo de Deus nos últimos dias.
  • Podemos exemplificar deste modo: Nós podemos está vivendo no Período Profético de Laodicéia, mas está vivendo espiritualmente no período de Éfeso (“abandonar o primeiro amor” – Apoc 2.4).
  • O que queremos dizer com tudo isto é que nossa preocupação aqui não será tanto a história, mas nossa vida hoje. 

9. Apoc. 3.20 registra as Palavras de Jesus que ecoa através dos tempos e chega a cada um de nós que estamos vivendo a última fase profética deste mundo.
10. Antes de ler o texto, vamos orar ao Senhor.
11. Apoc. 3.20 = “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. 
12. Analisemos com reverência e devoção o texto.
13. Quando tratamos um de analisar um texto, nos defrontamos com três abordagens: 

  • a. intentio operis = a intenção da obra.
  • b. intentio autoris = a intenção do autor.
  • c. intentio lectoris = a intenção do leitor.

14. A forma como as palavras são usadas pode revelar uma intenção teológica ou espiritual.

I – “EIS QUE ESTOU À PORTA E BATO...”
Ἰδοὺ ἕστηκα ἐπὶ τὴν θύραν καὶ κρούω·
1. O contexto bíblico geral, sugere que este texto pode ser entendido de duas formas:
(a) Que Jesus estava falando com alguém que um dia abriu a porta, e depois por algum motivo, fechou a porta de sua vida. Isto está em harmonia com o contexto imediato de Apoc. 3.20. A igreja de Laodicéia era composta por pessoas que já haviam aceitado a Jesus. 
(b) Outro modo de interpretar, é que no sentido amplo Jesus está chamando a todas as pessoas, como veremos na segunda parte de nossa mensagem. “Se ALGUÉM [tis]...” não identifica um grupo específico, mas se dirige a todos que estão dispostos a “ouvir a voz do Bom Pastor” (João 10).
2. A PRIMEIRA PARTE DO VERSO começa com uma tradução incompleta. Não significa que esteja errada, mas simplesmente INCOMPLETA.
3. O verbo ἵστημι [hístemi] não é o verbo estar [eimí] mas o verbo PERMANECER. Sugere alguém que se movimentou de um lugar a outro e ali permaneceu para cumprir uma missão específica.
4. O tempo verbal do verbo hístemi é também muito significativo [Ind. Perf. At.], pois expressa uma ação com início no passado e se estende até o presente. Em outras palavras, Jesus estava ali a muito tempo sem bater. 
5. Só em silêncio, observando, ouvindo, sentindo, esperando o momento exato para começar a bater à porta. 
6. “E BATO...” κρούω [Ind. Pres. At. = ação longa, contínua e progressiva]. “Bato e continuo batendo ...”
7. BATER A PORTA implicava também no ato de FALAR, pois em seguida diz “se alguém ouvir”, só podemos ouvir se alguém falar algo antes. 
8. Esta expressão (“bater na porta”) também pressupõe a PRESENÇA DE ALGUÉM lá fora.

II – “SE ALGUÉM OUVIR A MINHA VOZ E ABRIR A PORTA...”
ἐάν τις ἀκούσῃ τῆς φωνῆς μου καὶ ἀνοίξῃ τὴν θύραν,
1. UMA PEQUENA PALAVRA, MAS COM UMA GRANDE IMPLICAÇÃO ESPIRITUAL: “Se” [eán – em heb. ’im - אִם ]. Tanto no grego do NT quanto no hebraico do VT esta partícula concentra as PROMESSAS e as AMEAÇAS de Deus.
2. Jesus tem o poder para abrir e fechar qualquer porta no céu e na terra (Apoc. 3.7). Mas só existe uma que ele se recusa abrir – a Porta do nosso Coração. 
3. Sim, meus amigos, Jesus faz tempo que está em pé junto do teu coração batendo continuamente. Mas alguém pode argumentar que não sente nada. Como pode Jesus está batendo então?
4. Meu amigo, o problema não está em Jesus está ou não batendo, mas a dureza do coração humano. A Bíblia descreve o coração que se afastou de Deus como “coração de pedra”, mas no momento que permite que Deus toque seu coração, Deus transplanta seu coração – tira o coração de pedra, insensível e indiferente; e coloca um coração novo, um coração de carne – capaz de discernir a voz de Deus. [Ezeq. 11.19 e 36.26].
5. “SE OUVIRDES A MINHA VOZ” é a condição fundamental para Cristo entrar ou não em nossa vida.
6. Paulo diz que existe muitas vozes[phonê] neste mundo (1Cor. 14.10). Imagine o que ele diria hoje diante deste diluvio de sons e imagens em nosso mundo. 
7. O verbo OUVIR [akuou] - ἀκούω – [sub. Aoristo. At.], é um verbo de uma grande importância teológica, porque implica em salvação ou perdição. 
8. Quando lemos Gênesis 3 encontramos o dilema do ser humano entre ouvir a voz de Deus [qôl Elohim] ou a voz da Serpente. 
9. Adão e Eva só pecaram porque deram OUVIDOS a voz da Serpente e não a voz de Deus. Isto é bem parecido com a nossa história hoje!
10. Como conseqüência a história do Povo de Deus é constituída por OUVIR ou não a voz de Deus. 
11. Os profetas diziam: “ASSIM DIZ O SENHOR”, “Daí ouvidos a Palavra do Senhor”, “Voz que clama no deserto”, etc.
12. A Oração Diária que os judeus de QUNRAM e os da época de Jesus fazia era o SHEMÁ ISRAEL extraída de Deut. 6.4 = “Shemá Israel, Adonai eloheinu, Adonai echad” [Ouve Israel, o Senhor nosso Deus, é ÚNICO”]. Esta é a oração que os judeus devotos fazem três vezes ao dia.
13. Em Apoc. 3.22, lemos: “quem tem ouvidos, OUÇA o que o Espírito diz às igrejas”. 
14. “Se alguém ouvir A MINHA VOZ...” – 
15. A frase: “Hoje se OUVIRDES a sua VOZ, não endureçais o vosso CORAÇÃO” a encontramos em dois textos:
a. Um do AT em Sal. 95.7-8 onde endurecer o coração é não confiar em Deus apesar dos feitos miraculosos. 
b. O outro texto no NT em Hebreus 4.7 onde endurecer o coração significava não crer que Jesus era o Messias prometido.
16. Como você tem reagindo a VOZ do Senhor? Como podemos OUVIR a voz de Deus?
17. ILUSTRAÇÃO: A Bíblia como CARTA DE AMOR – leitura à moda antiga.
18. O QUE ACONTECEU COM LAODICÉIA? 
19. O quadro imaginário que podemos extrair do contexto é de alguém que fechou a porta depois de ouvir coisas que não gostaria de ouvir, mas que era necessário ouvir. 
20. Quando Jesus disse “Eu repreendendo e disciplino [castigo] a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Apoc. 3.19), provocou uma reação de indignação.
21. Laodicéia queria ouvir só elogios e aplausos. Ficou chateada e se trancou, fechando a porta. 
22. Ellen G. WHITE diz no livro Patriarcas e Profetas, falando do incidente do Bezerro de Ouro, ela diz que nos últimos dias haverá dois ministérios pastorais – o de Arão que diz o que o povo deseja ouvir, e o de Moisés que diz o que o povo necessita. 
23. Como pastores e líderes temos a obrigação moral e espiritual de dizer para os nossos jovens o que eles necessitam ouvir.
24. AMIGOS QUE FALAM O QUE GOSTAMOS DE OUVIR VERSOS AMIGOS QUE DIZEM O QUE NECESSITAMOS OUVIR!!!!
25. ILUSTRAÇÃO: Há na internet uma campanha publicitária incentivando os pais a usarem a cadeirinha de crianças. A iniciativa nasceu de uma mãe que um dia saindo para passear com sua família, tentou colocar a sua filhinha na cadeirinha, mas a criança começou a chorar e reagir. A mãe então fez a vontade de sua filhinha. Alguns minutos depois aconteceu um acidente, e sua filhinha foi lançada fora do carro e veio a falecer.
26. A mãe se sentia culpada por ter cedido à vontade de sua filha.
27. Aquela mãe não demonstrou verdadeiro amor por sua filha. Por quê? PORQUE AMAR É TAMBÉM CONTRARIAR A PESSOA QUE AMAMOS. É dizer coisas que poder até mesmo ferir, machucar, ou fazer chorar.
28. Temos a obrigação moral de TOCAR A TROMBETA, diz o profeta Joel: "Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra, PORQUE O DIA DO SENHOR VEM, JÁ ESTÁ PRÓXIMO" (Joel 2:1).
29. Quem ama diz coisas que o outro não quer ouvir, mas necessita ouvir.
30. Tocar a trombeta significa ANUNCIAR A VONTADE DE DEUS.
31. No monte antigo se tocava a trombeta em várias ocasiões:
a. Chamando à Oração;
b. Avisar que o Inimigo está se aproximando;
c. Chamando à Guerra;
d. No NT é um símbolo dos Sinais da Volta de Jesus.
32. Na participe de uma igreja que esteja com sua Trombeta quebrada!
33. ALGUNS TOQUES DE TROMBETAS: O estilo de vida, o que comemos, o que vestimos, o que dizemos, o que pensamos, o que falamos. Como nos comportamos quando estamos sozinhos? Como nos comportamos na Casa de Deus? Você usa seu celular ou tablete para acompanhar o sermão ou para passar mensagens desnecessárias, e consultar notícias inúteis na hora errada? Como nos comportamos quando estamos namorando? Como tratamos nos pais?
34. Está é uma mensagem dura, porém necessária. Pois estamos nos preparando para a Vinda do Senhor, e isto é um assunto muito sério.
35. Em Apoc. 3.9 encontramos que o VERDADEIRO AMOR é aquele que diz o necessitamos ouvir. Mesmo que doa, que fera, que machuque, MAS QUE CURE!!!! 
36. No livro de Provérbios encontramos um texto que diz: “Fiéis são as feridas feitas pelo que ama...” (Pv. 27.5). 
37. DEUS PODE NOS FALAR DE MADRUGADA = A Teologia Mística Rabínica diz que é de madrugada que Deus envia um anjo para desvendar os mistérios da Torah.
38. Aqui entramos em um tema delicado. O QUE ESTAMOS FAZENDO EM NOSSAS MADRUGADAS? 
39. Deus se revelou a Salomão à noite. A experiência de SALOMÃO [Lev shoméia e Hokemah] = “coração que ouve”, “coração capaz de ouve”. “Sabedoria”. [Leia 1Reis 3.5ss]
40. Necessita de um “coração capaz de ouvir”!
41. Necessita de um coração sábio para poder enfrentar as redes de tentações.
42. “SE OUVIRDES A MINHA VOZ” é a condição fundamental para Cristo entrar ou não em nossa vida.

III – “ENTRAREI EM SUA CASA E CEAREI COM ELE, E ELE, COMIGO”.
[καὶ] εἰσελεύσομαι πρὸς αὐτὸν καὶ δειπνήσω μετ᾽ αὐτοῦ καὶ αὐτὸς μετ᾽ ἐμοῦ.
1. “ENTRAREI...”- εἰσέρχομαι  [ind. Fut. Med. (passiva)]. Não é propriamente o verbo entrar. Lit. é “ir, vir para dentro, entrar na presença de”. 
2. Aqui está o princípio dos milagres em nossa vida. 
3. Na Bíblia diz que nas casas onde Jesus entrava milagres aconteciam. O primeiro milagre de Jesus foi realizado em uma casa. Jesus gostava de entrar nas casas das pessoas.
4. Entrou na casa de Zaquel, na casa de Maria, Marta e Lázaro, entrou na casa de Pedro. Ele amava está nas casas das pessoas.
5. Ele promete “entrarei EM SUA CASA...”. A palavra casa tanto no grego (oiko) quanto no hebraico (bet) tem distintos significados.
6. A casa pode ser uma família. Josué disse: “eu e minha casa serviremos ao Senhor”; “Hoje veio a Salvação a esta casa” disse Jesus na casa de Zaquel; “A casa de Israel”, ou seja, todo o país de Israel
7. Entretanto, a palavra CASA [ gr. oiko, heb. bet] não está presente no texto original em grego. Está subentendida. 
8. Porém, o texto grego é muito sugestivo. Literalmente diz: “virei para ele”, “entrarei para ele” ou “entrarei em sua presença”.
9. “CEAREI COM ELE...” – Comeremos juntos. 
10. O verbo cear [deipnéso] é usado tanto para um ritual como a santa ceia ou um jantar formal, quanto descreve uma refeição informal entre amigos. 
11. No mundo antigo o ritual do comer, além dos aspectos cotidianos, havia ainda a ideia de celebração e de reconciliação.
12. O texto nos lembra o episódio dos discípulos no caminho de Emaus de Lucas 23.
13. O ritual de cear, muitas vezes, envolvia o ato de lavar os pés do convidado pelo anfitrião. Para lavar os pés do outro, ele teria que se curvar diante do convidado. 
14. Laodicéia necessita se ajoelhar aos pés de Jesus!!!
15. O ato de comer é muito significativo do ponto de vista bíblico. 
16. O PECADO E A SALVAÇÃO são ofertados no ato de comer. Adão e Eva COMERAM o fruto proibido e o pecado entrou na história humana. Entretanto, no ritual do Santuário o sacrifício de Jesus era simbolizado no ato de comer o cordeiro, principal na Páscoa. Quando Jesus veio, na Santa Ceia Ele disse que, quem não comessem da sua “carne” não teria parte com Ele. 
17. A Bíblia diz que os salvos participarão de um grande banquete.
18. Ellen G. White diz que viu este banquete cuja mesa quem estava de um lado não ver quem estava do outro, de tão grande que era.
19. A Igreja dos Apóstolos promovia com freqüência cerimonias onde todos podiam comer juntos. [ágape]
20. Segundo os antropólogos, tanto a comida, como o ritual do comer, revela muito da cultura e da espiritualidade de um povo.
21. Quando morei em Israel por seis meses, uma coisa que chamou-me a atenção era a forma como os árabes mais pobres comiam. Eles usavam “um só prato” para todos. 
22. Mas o mais importante aqui é que CEAR significa AMIZADE, reconciliação (lembram o banquete que o Pai do Filho Pródigo ofereceu?).
23. OUVIR A VOZ, ABRIR A PORTA E CEAR COM ELE é deixar que Jesus seja o Senhor de nossa vida. Que Ele assuma o controle geral e incondicional.
24. VOU TENTAR ILUSTRAR ISSO:
25. Vamos pensar que a vida é um CARRO e você antes de conhecer a Jesus, dirigia a sua vida como bem entendia.
26. Mas um dia, na estrada da vida, Jesus apareceu na beira da estrada pedindo carona. Você aceitou seu pedido – isto é conversão. Pois agora Jesus já está dentro do carro de tua vida. 
27. Mas na vida cristã, temos que crescer espiritual. Deixar Jesus entrar no carro é apenas o primeiro passo. Então um dia você diz: “ok, Senhor assume a direção do meu carro, da minha vida”. Jesus sai do banco de passageiro e senta no do motorista, e os papéis são invertidos.
28. Mas agora alguns problemas começam a acontecer. Porque pesquisa revelam que pessoas que sabem dirigir quando sentam ao lado do motorista começam a dar palpites, etc. Algumas chegam ao ponto até de frear o carro de forma imaginária. 
29. O mesmo acontece com nossa vida. Deixamos Jesus entrar em nosso carro-vida. Entregamos o volante, mas continuamos querendo dirigir nossa vida. 
30. Então, num dado momento Jesus diz: “Por favor passe para o banco de trás” – Isto meus irmãos é ENTREGA TOTAL.
31. Deixe Jesus assumir o controle total de tua vida!

CONCLUSÃO:
1. Como já falamos, o texto descreve alguém que já tinha um relacionamento com Jesus, porque fazia parte da igreja.
2. Mas por algum motivo, não quis mais dá OUVIDOS A VOZ DE JESUS, e por causa disso FECHOU A PORTA da sua vida. 
3. Mas continuou na igreja. Fazendo parte da igreja, mas com a porta do coração fechada.
4. Por que isto acontece? Talvez expectativas não realizadas. O Falso Evangelho diz: “Aceite a Jesus e todos os seus problemas serão resolvidos” – MENTIRA!!!
5. Pelo contrário, o Evangelho de Jesus fala de negar a si mesmo e tomar uma cruz. Fala de uma grande tribulação que teremos que enfrentar antes de chegar aos céus. 
6. Por isso Apoc. 3.21 “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono”. 
7. Somos desafiados a LUTAR contra nós mesmo e contra o Diabo, e vencê-lo como Jesus venceu.
8. Antes que seja tarde demais.
9. Vamos ler o último texto para concluir nossas considerações.
10. É um texto poético, não é uma profecia, mas contém um apelo emocional fantásticos.
Leiamos Cantares 5.2 e 6.
 2 “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.
6 Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu”. 

43. Em Amós 8.11-12 lemos que nos últimos dias o Povo de Deus que recusou ouvir a voz do amado Salvador Jesus, procurará de um lado a outro, de norte a sul, do oriente ao ocidente, buscará “a Palavra do Senhor, e NÃO A ACHARÃO”.


MÚSICA APELO (opcional) = “Vamos subir” do grupo Nova VOZ.


 Revelation 3:20  Ἰδοὺ ἕστηκα ἐπὶ τὴν θύραν καὶ κρούω· ἐάν τις ἀκούσῃ τῆς φωνῆς μου καὶ ἀνοίξῃ τὴν θύραν, [καὶ] εἰσελεύσομαι πρὸς αὐτὸν καὶ δειπνήσω μετ᾽ αὐτοῦ καὶ αὐτὸς μετ᾽ ἐμοῦ.

HINO INICIAL E FINAL = 169.



sexta-feira, 12 de maio de 2017

A MÃE DE MALCOLM X ERA ADVENTISTA:
Uma reflexão sobre Adventismo, Racismo e Evangelismo
Por
Evandro L. Cunha (Ph.D)

Hiperativo, mulherengo, cafetão, traficante de drogas, viciado em cigarros e bebidas, violento, trapaceiro, ladrão... a lista é grande, mas pequena para descrever a vida de Malcolm X (1925-1965) antes de se converter ao Islamismo e se tornar, ao lado de Martin Luther King Jr., um dos maiores ativistas afro americano e uma das figuras mais polêmicas na luta pelos direitos dos negros.
Ao contrário de King, Malcolm acreditava que os fins justificavam os meios na luta desproporcional entre o poderio dominante dos brancos contra os negros. Sua adesão ao movimento radical negro islâmico chamado Nação Islâmica, e sua frustração com o modus operandi deste grupo e principalmente do seu líder, levou Malcolm a adotar métodos e ideias próprias que provocariam mais tarde sua morte cruel. Morreu diante da mulher e filhos enquanto fazia uma palestra.
Lendo a autobiografia  do famoso militante afro americano Malcolm X, encontrei uma referência muito carinhosa aos adventistas. Eis o texto:
“Mais ou menos nessa ocasião, minha mãe começou a ser visitada por alguns Adventistas do Sétimo Dia, que haviam mudado para uma casa não muito longe da nossa. Conversavam com ela por horas a fio, deixavam folhetos e revistas para que minha mãe lesse. Ela lia, assim como Wilfred, que voltara à escola, depois que passamos a receber comida gratuitamente do programa de ajuda aos indigentes. A cabeça de Wilfred [irmão de Malcolm] estava sempre metida em algum livro.
“Não demorou muito para que minha mãe começasse a passar cada vez mais tempo com os Adventistas. Estou convencido que ela foi influenciada por eles terem restrições alimentares ainda mais rigorosas do que as suas, que sempre defendera e nos impuseram. Com nós, os Adventistas eram contra comer coelhos e porco; adotavam as leis alimentares mosaicas. Não comiam a carne de qualquer animal que não tivesse o casco fendido ou não ruminasse. Começamos a acompanhar nossa mãe às reuniões adventistas. Para nós, crianças, sei que a maior atração era a boa comida que serviam. Mas também ficávamos escutando. Havia um punhado de negros de pequenas cidades da região, mas acho que 99 por cento eram de brancos. Os adventistas achavam que estávamos vivendo ao [sic] final dos tempos, que o fim do mundo em breve chegaria. Mas eram os brancos mais amistosos que já tinha conhecido. Mas nós, crianças, percebíamos e discutíamos quando voltávamos para casa que eles eram diferentes de nós, em coisas como a falta de tempero suficiente na comida e no cheiro diferente dos brancos”. Páginas 28-29.
Falando da pressão que os assistentes sociais faziam sobre sua família, começaram a divulgar que sua mãe sofria de distúrbios mentais por recusar comer carne de porco oferecida por vizinhos.
“... Todos ouvimos quando chamaram mamãe de ‘louca’, por ter recusado uma boa carne. Não adiantou ela explicar que nunca havíamos comido carne de porco, que era contrário à sua religião, como adventista do sétimo dia”, p. 29.
O QUE PODEMOS APRENDER DESTA EXPERIÊNCIA?
1. O bom testemunho daquela família adventista impactou profundamente o jovem Malcolm.
2. Adventismo e racismo são coisas antagônicas. Felizmente Malcolm conheceu adventistas realmente cristãos. Infelizmente, mesmo entre alguns adventistas americanos existe uma separação entre negros e brancos. Em nome do politicamente correto, adotando uma antropologia que advoga em nome da cultura, preservar liturgias e lugares de cultos diferentes, etc. Este mal não está presente só entre nós. A Assembleia de Deus manteve durante anos um cisma cuja ferida só foi “curada” a pouco tempo atrás. Poderíamos mencionar ainda a Igreja dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como os "mórmons", que durante anos manteve uma atitude racista, praticamente oficial. Sem falar dos teólogos cristãos que tentaram justificar teológica e filosoficamente a superioridade branca.
Eu mesmo já sofri na pele o racismo entre nós. Um amigo, contou-me anos depois do fato ocorrido, que pela primeira vez que fui apresentado numa igreja sede de distrito, uma senhora de uma família tradicional da igreja, disse: “O que é que esse negrinho está fazendo lá na frente? ”. Meu amigo disse que eu era o novo pastor. Depois do sermão, ela sussurrou no ouvido dele: “até que este pretinho fala bem”.
Por que será que levamos tantos anos para que os negros ocupassem posição de destaque na IASD no Brasil, um país de maioria negra? Hoje, graças a Deus, líderes negros ocupam distintos ministérios na igreja brasileira. Mas no passado não foi assim.
3. Nosso estilo de vida é outra Bíblia escrita numa língua muito mais inteligível. Malcolm fala da amizade, do interesse dos adventistas por sua família, da comida sem tempero forte, da abstenção da carne de porco; menciona até o cheiro dos adventistas.
4. A receptividade no dia de sábado. Malcolm faz referência a dinâmica do culto sabático, mas principalmente a boa comida feita pelos adventistas. A gastronomia pode ser um bom método para atrair pessoas.
5. Escatologia. Malcolm ficou impressionado com a ênfase que os adventistas davam ao fim do mundo (Volta de Jesus). Infelizmente, os temas escatológicos estão desaparecendo em algumas igrejas. É tanta novidade: novas músicas, novos programas, novos eventos, etc., que a Boa Nova da Volta de Jesus fica obscurecida.
6. Por fim, os atos de bondade desinteressados são muito mais eficazes para atrair pessoas do que nossos discursos formais.
TANTAS PERGUNTAS E POUCAS RESPOSTAS. O pai de Malcolm era batista e era um tipo de evangelista itinerante e ativista. Fanáticos do movimento dos KKK (ku klux klan) composto por cristãos fundamentalistas e racistas mataram seu pai, e sua mãe perdeu a guarda dos filhos. Malcolm era um juvenil. Quando adolescente conheceu os adventistas, mas seu temperamento irrequieto e as circunstâncias que fugiram de seu controle fez com que entrasse num mundo fascinante e perigoso dos prazeres, crimes e drogas. Foi preso e condenado a dez anos, era agora um jovem cheio de perguntas e poucas respostas.
Se os cristãos estavam divididos sobre o tema racial, algo tão elementar do ponto de vista lógico, o que dizer de temas mais profundos. Foi ali com a cabeça cheia de perguntas, que Malcolm conheceu as ideias da seita Nação Islâmica. Encontrou “respostas” que mudariam para sempre sua vida. Se tornou um autodidata. Sua paixão pelas palavras o transformaria em um dos oradores mais cativantes da história dos Estados Unidos.
O restante é História...

A história de Malcolm poderia ser diferente se ele tivesse continuado com sua mãe adventista? Não sabemos. Teria encontrado respostas para suas perguntas? Provavelmente sim. Pois os adventistas americanos tinham herdados dos milleritas a retórica e a apologética. Ellen White, que viveu anos antes de Malcolm, já advertira aos pastores para não se concentrarem demais em debates. Menciono este fato para demonstrar que os adventistas eram bons nisso, tanto quanto os apologistas islâmicos. Entretanto, por ironia da vida, o Malcolm que falou tão bem dos adventistas, quando mais questionou sobre o significado da vida, não teve nenhum adventista por perto. E não poderia ter mesmo, pois estava na prisão. Naquela época havia muitos muçulmanos que cometiam delitos e eram presos. Ali recebiam apoio para fazerem adeptos. Como a quantidade de negros nas prisões sempre foi muito grande, o campo era muito fértil para as ideias dos negros muçulmanos que mesclavam religião com ativismo político.
Finalizo agradecendo a Deus por essa família adventista, que não sabemos o nome, por ter iluminado a vida da mãe do Malcolm. Dou asas à imaginação e posso ver quantas pessoas famosas já tiveram suas vidas iluminadas com as verdades do Evangelho Eterno. Infelizmente, nem todas aproveitaram esta solene oportunidade.
Fonte: Autobiografia de Malcolm X, com a colaboração de Alex Halex. RJ: Editora Record, 1992.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

"Folheando meus arquivos" encontrei este texto que enviei à revista Istoé como protesto a uma série de artigos falando sobre Jesus. Eles ficaram de consultar especialistas, e me dariam uma réplica. Resposta esta que nunca recebi.

CARTA ABERTA A REVISTA ISTO É. 
CORREÇÃO DO PROF. AZENILTON BRITO
Por
Evandro Luiz da Cunha

Crítica a Edição 1629 de 20/12/2000. http://www.terra.com.br/istoe/

Matéria de capa: 2000 ANOS DE JESUS CRISTO.


            Primeiramente, queremos congratulá-los pela iniciativa de publicar um tema tão antigo e tão polêmico como a figura de Jesus.
Após a leitura dos artigos sobre 2000 ANOS DE CRISTO, gostaria de fazer algumas ponderações:
1.        UMA DISTINÇÃO FUNDAMENTAL: Cremos que um dos grandes lapsos cometidos por historiadores, teólogos e demais pesquisadores do fenômeno cristão é amalgamar dois conceitos fundamentais: a distinção entre CRISTIANISMO BÍBLICO (a pessoa e atos de Jesus Cristo e apóstolos, como registradas na literatura canônico–bíblica. Marcado pelo carisma) e o CRISTIANISMO HISTÓRICO (como esse registro bíblico foi interpretado e vivenciado através da história, seja na forma de catolicismo, ortodoxismo ou protestantismo e demais experimentos cristãos–marcado pelo institucionalismo e pelo jogo do poder).  Alguns marxistas hodiernos costumam declarar que Marx ficaria escandalizado com o que os soviéticos e outros camaradas chamaram de “socialismo”.  Ou seja, segundo eles há uma dicotomia entre o que Marx ensinou e como os marxistas leram seus escritos. O mesmo se pode afirmar de Jesus Cristo e o cristianismo histórico (ideologia a serviço de uma elite que dominou e domina em nome de Deus – os mercadores do sagrado).
2.        AFIRMAÇÕES INTRODUTÓRIAS: Na Cronologia do Cristianismo aparece duas declarações que não se harmonizam nem com o relato bíblico nem histórico: (a) que Jesus cria na imortalidade da alma – embora seja uma crença grega (Platônica) que foi introduzida por Agostinho 4º-5º AD e adotada oficialmente pelo Cristianismo Histórico.  Teólogos contemporâneos como John Stott tem concluído que essa doutrina é estranha aos ensinos do Cristo bíblico. (b) Que Pedro se tornou o primeiro bispo da Igreja de Roma.  Dificilmente um historiador sério faria esse tipo de afirmação.
3.        A OBJETIVIDADE DOS ARTICULISTAS:  Percebemos que os autores dos artigos em sua maioria são liberais.  Onde ficou a neutralidade científica (que após a leitura fui forçado a crer que não existe) da revista?  Se o objetivo era polemizar, como discutir com pessoas que crêem a mesma coisa?  Quem sabe a dialética hegeliana (tese, antítese e síntese) nos ajudasse nesse aspecto.  A ausência de teólogos conservadores deu a impressão que a meta não era informar, mas catequizar.  Além do mais, os editores olvidaram que muitos dos pensadores na atualidade, estão mais compromissados com o Modismo Teológico do que com a epistemologia do fenômeno religioso.  Por exemplo, o movimento feminista inspirou a Teologia Feminina, os movimentos negros a Teologia Black, as questões sociais da América Latina a Teologia da Libertação, que por sua vez é filha da Teologia da Esperança, Teologia da Morte de Deus, etc.. Recentemente, o movimento gay tem reivindicado sua Teologia.   Tomemos como exemplo, dois articulistas que falaram tanto de revoluções, opressão dos oprimidos, etc.- Leonardo Boff e Rubem Alves.  O primeiro não escreve mais sobre a Teologia da Libertação.  O revolucionário marxista, agora é guru do pensamento positivo – místico.  A revolução não é mais dos sistemas, mas do homem em sua interioridade.  É verdade que ainda fala de fome e  injustiça social, porém com um discurso moderado;  o segundo se dedica a área de educação (escrever e ensinar). Onde está a militância?  Foi superada pelas exigências da sobrevivência.  A onda agora é Padre Marcelo, Bispo Macedo e Paulo Coelho.  A  revolução deu lugar à religião.
4.        A METODOLOGIA ADOTADA:  Voltamos mais uma vez à questão do mito da neutralidade e honestidade científicas.  Todo campo do saber possui uma metodologia específica para seus objetos fenomênicos.  Não devemos estudar matemática tendo como orientação uma gramática.  A religião é um campo onde a fé é quem impera, e não a lógica.  Como observou Boff in loco: “O cristianismo é menos algo para se compreender intelectualmente do que para se viver afetivamente” (p.71).  Mesmo pensadores como Tomás de Aquino, que cria que a Razão e a Revelação eram duas fontes de verdades fidedignas, quando em conflito a Revelação teria a primazia.  O Cristianismo Bíblico, embora não seja um fideísmo, nunca reivindicou para si status de filosofia, ciência, muito menos de registro histórico meticuloso.  “As Escrituras são contraditórias e incompletas. Na Verdade, mais simbólicas do que documentais” (p.60).  Acusar os textos canônicos de contradições é desconhecer a natureza de tais textos (tenho dúvidas que todos os articulistas já leram na íntegra, os sessenta e seis livros da Bíblia).  Ainda sobre contradições, se o argumento que as contradições invalidam a autenticidade e credibilidade de um texto, os grandes pensadores estariam em maus lençóis.  Contradições existem em Platão, Aristóteles, Agostinho, Tomás de Aquino, Kant, Hegel, Nietzsche, Marx, Darwin, Freud, etc. Por fim, nos próprios artigos em apreço.  Se queremos encontrar contradições e inconsistência em um autor, é só ler os que discordam dele.  
Quanto à historicidade de Jesus, não apenas ele, mas muitos personagens antigos tiveram sua existência posta em dúvida. Como, por exemplo, Sócrates. Alguns crêem que ele é uma criação de Platão. Se compararmos a documentação na história secular entre Sócrates e Jesus Cristo, veremos que o Galileu leva vantagem. Basta citar Cornélio Tácito (52-54-AC), Suplício Severo, Luciano de Samosata, o historiador judeu Flávio Josefo (37 AD) em antiguidades xviii.33, afirma: “Por essa época havia um homem sábio chamado Jesus. Seu comportamento era bom, e sabia-se que era uma pessoa de virtudes...” (versão árabe).  Poderíamos citar outras fontes extra bíblicas como, Suetônio (120 AD), Plínio Segundo, o Jovem, Talo, o historiador Samaritano que escreveu em 52 AD, etc.. Como ponderou Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que possa julgar a nossa vã filosofia” (Hamlet). 

Antecipamos nossos agradecimentos pela atenção,

Pr. Evandro Luiz da Cunha


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